ATA DA CENTÉSIMA DÉCIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 29.09.1887.
Aos vinte e nove dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Centésima Décima Primeira Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Centésima Décima Sessão Ordinária que, juntamente com a Ata da Centésima Nona Sessão Ordinária, deixou de ser votada em face da inexistência de “quorum”. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Aranha Filho, 01 Pedido de Providências, solicitando conserto de um pontilhão de madeira, localizado no final da Rua Ângelo Barbosa - antiga Rua Um -, que possibilita acesso à Avenida Cavalhada; pelo Ver. Frederico Barbosa, 06 Pedidos de Providências, solicitando limpeza geral da Rua Cel. Massot em toda sua extensão e limpeza dos terrenos baldios com lixo, vistorias nas redes de esgoto das Ruas Olavo Barreto Viana, Cel. Massot e Praça Paulo Aragão Bozano, vistoria na rede de iluminação pública e troca de lâmpadas queimadas da Rua Eudoro Berlinck e vistoria da iluminação pública das ruas do Bairro Partenon; 01 Projeto de Resolução nº 36/87 (proc. 2151/87), que concede o título honorífico de Cidadã Emérita à Senhora Maria Pinto Mottola; 02 Pedidos de Informações, acerca de existência ou não de área verde reservada para praça nas proximidades da Rua Liberal e Estrada Dona Maria e a respeito da colocação de sinalização diante das escolas e da idéia de “Adote uma Sinalização”, levadas por este Vereador ao Prefeito Municipal e, atualmente, na Secretaria Municipal dos Transportes; do Ver. Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências, solicitando reposição de luminária na praça fronteira à Escola Estadual de 1º e 2º Graus Coronel Afonso Emílio Massot, na Rua José Honorato Santos s/nº; pelo Ver. Nilton Comin, 01 Pedido de Providências, solicitando troca de lâmpadas na Rua Patagônia, em frente ao nº 312, de propriedade da Sra. Maria Helena Garcia; 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 97/87 (proc. nº 2163/87), que denomina Rua Inocêncio de Oliveira Alves um logradouro público; pelo Ver. Rafael Santos, 02 Pedidos de Providências, solicitando urgente exame das condições vitais das árvores existentes na Rua Félix da Cunha, com a conseqüente expedição de um laudo técnico e que sejam providenciadas melhores condições de trabalho aos funcionários que trabalham nos depósitos de lixo. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nº 622/87, do Ministério da Saúde - Coordenadoria de Assuntos Parlamentares; 1407/87, do Secretário substituto da Secretaria de Energia, Minas e Comunicações, David Piegas; Telex do Sr. Newton Cardoso, Governador do Estado de Minas Gerais; Cartão do SESC, Serviço Social do Comércio. Após, o Sr. Presidente acolheu Questão de Ordem do Ver. Aranha Filho, acerca de Requerimento feito ontem, pelo Ver. Werner Becker, solicitando nominata dos Vereadores ausentes durante a verificação de “quorum” para a Ordem do Dia da Centésima Nona Sessão Ordinária. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Jorge Goularte disse ter recebido informações de parte de um grupo de pais do Colégio Presidente Roosevelt, de que o Delegado de Educação do Estado estaria fazendo um remanejamento de professores, questionando os motivos e a validade dessa atitude e atendendo para os prejuízos que ela acarreta à comunidade estudantil, tendo em vista estarmos no meio de um semestre letivo. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Cleom Guatimozim teceu comentários sobre o mutirão que está sendo realizado pelo Executivo Municipal, envolvendo várias vilas da Zona Norte de Porto Alegre, na busca de atender os problemas básicos enfrentados pela comunidade. Defendeu este sistema de trabalho, salientando ser ele uma resposta concreta e viável para as dificuldades financeiras encontradas nas nossas Cidades. Falou sobre as emancipações de vários municípios ocorridas no Estado, destacando os interesses políticos observados nas mesmas. Discorreu acerca dos diversos sistemas de transportes utilizados no País, indagando dos motivos pelos quais ainda não foi implantado um sistema que resolva definitivamente a situação do transporte de massa. A seguir, o Sr. Presidente registrou a presença, no Plenário, da Sra. Julieta Batistioli, que foi a primeira Vereadora a participar deste Plenário. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Frederico Barbosa discorreu acerca da grande presença de cachorros nos parques da Cidade, comentando incidente ocorrido esta manhã, quando uma criança foi gravemente mordida por um cachorro no Parque Moinhos de Vento e solicitando do Prefeito Municipal e da Brigada Militar medidas que impeçam a repetição de fatos como este. O Ver. Werner Becker discorreu acerca de Parecer da Procuradoria-Geral do Município sobre a competência do Executivo para fixar as tarifas do transporte coletivo, através do qual são classificadas como inconstitucionais quaisquer limitações apostas a esta competência pelos órgãos legislativos. Disse que encaminhará requerimento solicitando o comparecimento do Procurador-Geral do Município, à Casa, para prestar esclarecimentos sobre o assunto, tendo em vista que, há pouco tempo atrás, S. Exa. declarava ser esta competência da União e não do Município. O Ver. Aranha Filho teceu comentários acerca da fixação das tarifas do transporte coletivo, lamentando ainda não existirem instrumentos que permitam o cálculo do valor real dessas tarifas. Discorreu sobre o processo em tramitação pela Casa, que extingue dez cargos de jornalista e cria dez cargos de terapeutas ocupacionais. Falou sobre o mutirão que vem sendo realizado na Zona Norte de Porto Alegre, comentando convênio firmado entre a União, o Estado e o Município para a busca de soluções para os alagamentos que ocorrem em Porto Alegre. Comentou pintura feita, por artistas da Cidade, nos muros do Viaduto da Conceição. E o Ver. Cleom Guatimozim teceu comentários sobre os alagamentos verificados em Porto Alegre, destacando as dificuldades de busca de uma solução definitiva para o assunto, analisando estudos que estão sendo realizados a respeito e atentando para a importância de que seja ouvida a população que, por conviver diariamente com seus problemas, tem condições de indicar procedimentos mais adequados para a solução dos mesmos. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Flávio Coulon reportou-se ao pronunciamento de hoje, do Ver. Jorge Goularte, acerca dos remanejos de professores que estão sendo realizados pela Delegacia de Educação do Estado, esclarecendo que o que está ocorrendo é a colocação em prática da Portaria 15.549, assinada como um acordo de greve entre o CPERGS e a Secretaria da Educação e Cultura, a fim de que possam ser solucionados os problemas causados em escolas da periferia, pela falta de professores nesses locais. O Ver. Aranha Filho discorreu sobre críticas feitas pelo Governador Pedro Simon ao Senador Carlos Chiarelli, segundo as quais o Senador do PFL é acusado de atrasar a rolagem de dívida do Estado. Destacou a inveracidade desta acusação, atentando para o trabalho constante do Senador Carlos Chiarelli em prol do desenvolvimento do Rio Grande do Sul. E o Ver. Isaac Ainhorn comentou o pronunciamento, de ontem, do Ver. Mano José, no qual foram tecidas críticas ao sistema escolar de Porto Alegre. Declarou que, no ano passado, foi conseguida, pelo Executivo Municipal, a inversão de convênio existente entre o Município e o Estado para a manutenção de escolas públicas, com o que se ampliou a rede escolar, melhorando o atendimento ao público estudantil. Disse que, apesar do Estado não estar cumprindo a sua parte nesse convênio, o ensino municipal vive atualmente um momento de crescimento e extremamente positivo para a classe da população por ele atingida. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze horas e quarenta e seis minutos, convocando os Senhores Vereadores para as reuniões das Comissões Permanentes e convidando-os para a Sessão Solene, a seguir, destinada à entrega do título de Cidadão Emérito ao Sr. Luiz Carlos Prestes. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Teresinha Irigaray e Frederico Barbosa e secretariados pelos Vereadores Frederico Barbosa e Ignácio Neis, o último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
Antes de passarmos ao período de Comunicações, concedemos a palavra ao Ver.
Aranha Filho para uma Questão de Ordem.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem): Sra.
Presidente, na Sessão de ontem o Ver. Werner Becker fez uma Questão de Ordem
requerendo da Mesa uma verificação de “quorum” e imediatamente a isso, não
existindo “quorum” para votação, o Vereador solicitou que fossem anotadas as
ausências para a retirada, concedendo às presenças, da remuneração dos
“jettons” dos Vereadores ausentes. Imediatamente a Sessão foi suspensa por
falta de “quorum”. Eu perguntaria à Mesa como interpretou os Requerimentos do
Ver. Werner Becker, se positivamente ou não.
A SR. PRESIDENTE: A Mesa responderá as
perguntas feitas no decorrer da Sessão.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem): Para
uma retificação. Não requeri o levantamento da Sessão. Apenas requeri tudo o
que foi exposto agora pelo Ver. Aranha Filho, menos o levantamento da Sessão.
O SR. ARANHA FILHO: Confere.
A SRA. PRESIDENTE: Ver. Aranha Filho, a
Diretoria Legislativa informa que o pedido de V. Ex.ª foi encaminhado à
Comissão de Justiça da Casa. Estamos no aguardo da resposta da Comissão de
Justiça.
O SR. ARANHA FILHO: Muito obrigado.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Sra. Presidente, pessoas como nós, sentadas aqui, Vereadores, votados
pelo povo, reclamando de quem não vem trabalhar!... É brabo!
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa acolhe a Questão de
Ordem de V. Ex.ª.
Com a palavra, o Ver. Jorge Goularte em Comunicação de Líder.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, veio ao conhecimento deste Vereador, através de um grupo de pais do
Colégio Presidente Roosevelt, que o Delegado de Educação do Município, de
maneira antipedagógica, discricionária, absurda e extemporânea, está
remanejando os professores, nesse período eletivo conturbado pela greve dos
professores e, com essa providência sem sentido, está criando uma confusão
enorme nas mentes das pequenas crianças que estudam no Presidente Roosevelt.
Ora, eu não entendo como um Delegado de Educação, um secretário de educação
estadual age de maneira discricionária e absurda, até como vindita, como
vingança por não serem, talvez, as professoras, ligadas a sua área, ou não
pertenceram à Zona Sul, Pelotas, ou outro motivo qualquer, ou outro Município
onde pertence o Delegado. Apesar dos esforços feito pelo Líder do PMDB nesta
Casa, apesar das interferências, o Governo do PMDB está a praticar um ato
desses antipedagógico e o professor que é o líder do PMDB, nesta Casa, Flávio
Coulon, sabe perfeitamente bem - até faço elogios a sua pessoa pela providência
que tomou, embora sem resultado prático - que é antipedagógico para as
crianças, especialmente a troca, de professores por motivos ignorados, não se
sabe quais os motivos apresentados pelo Delegado e pelo Secretário para fazerem
o remanejamento. É dito que os remanejamentos são feitos porque existe excesso
de professores. Mas eu pergunto: remanejamento de um Professor em sala de aula,
dando aula? Não é remanejamento de uma professora que está fazendo serviço em
uma secretaria, serviço burocrático. Foi dito pelo Delegado que não quer abrir
exceções na mudança desta política de que as vilas têm preferência. Criança é
criança, seja qual o nível. Espero que me corrijam se eu estiver errado: o que
interessa pedagogicamente se uma criança pertence ao Bairro Menino Deus ou a
Restinga Velha? São crianças. E para nos pequenos seres estas cabeçinhas
pequenas, para eles é uma grande violência, tirarem a sua professora e vir
outra professora da confiança do Sr. Delegado e do Sr. Secretário da Educação
do nosso Estado.
Eu pergunto: que motivo mais grave é este que tem que ser agora?
Poderão esperar o término do ano letivo para fazerem o que quiserem,
remanejando, transferências na medida em que isto for possível sem agredir as
crianças, sem agredir aos pais.
Por isso, lamentavelmente, apesar dos esforços que se faz para entender
o governo do PMDB, está muito difícil para entender. Está muito difícil de
entender qual é a filosofia. É perturbar mais, ainda? O ano letivo já está
perturbado, com 90 dias de greve, onde o governo teve uma dificuldade enorme de
cumprir com as suas obrigações. Dificuldade e incapacidade e agora faz
remanejamento a torto e a direito sem usar o bom senso analisar que as
cabeçinhas das crianças ficam perturbadas com a mudança. Já tiveram noventa
dias sem aula. Aí volta a professora a dar aula. E aí retira a professora
porque a professora não é da confiança do Delegado.
Ora, isto é muita coisa para uma pessoa adulta, quanto mais para uma
criança. E eu repito para enfatizar: agradeço a intermediação do Líder do PMDB
nesta Casa, sei que é um homem de bem, um homem que não concorda com estas
coisas. É um professor, sabe que isto é antipedagógico.
Apesar de tudo isto não posso-me calar e acho que alguma coisa tem que
ser feita para parar com estas movimentações que acima de tudo são de vingança,
são de vindita. Me parece que por causa da greve ocorrida se remeneja quem bem
quer, sem analisar o que mais interessa que é a criança, acima de tudo. Sou
grato.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Passamos às
O Ver. Auro Campani cede seu tempo ao Ver. Cleom Guatimozim, que está com a palavra.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, a Administração Municipal está realizando mais um mutirão em
bairros populosos da Cidade na intenção de atender aqueles pedidos básicos que
tem uma comunidade.
O mutirão, que agora está em execução, envolvendo mais de 50 vilas da
zona norte da Cidade, visa a uma atendimento que foi fruto de uma pesquisa e de
uma consulta de políticos da área, inclusive, do Ver. Paulo Satte, que há anos
representa comunidade nesta Casa.
Este mutirão, que abrange uma programação prévia, desde o patrolamento,
ensaibramento de ruas e avenidas, chegando ao saneamento básico, à
pavimentação, que é uma forma de atender os problemas da Cidade, que nós
estamos certos, será seguida pelos prefeitos que vierem após o Prefeito Alceu
Collares.
É a uma medida que não se trata apenas de uma rotulagem. Não é uma
rotulagem, mutirão, dentro existe um conteúdo verdadeiro, que agrada, que
atende os anseios da comunidade, que satisfaz, que faz com que o cidadão
verifique que a penúria que vive o poder público brasileiro, tem alguns
momentos de pausa, e de atendimento das reivindicações.
Após examinar os problemas da Cidade de Porto Alegre, o Prefeito Alceu
Collares concluiu que os sistemas de mutirão viriam atender comunidades
inteiras de uma vez só, não numa descentralização da Administração, como
parece, mas num atendimento geral que vai desde do problema do transporte
coletivo, da fiscalização, da sinalização das ruas. Nós sabemos que embora
exista esta grande pobreza dos Municípios brasileiros, dos quais se inclui
Porto Alegre, a culpa poderia se atribuir aos governos através dos tempos. Ainda
hoje se fala tranqüilamente em emancipações. Aumenta-se a miséria dos Estados e
dos Municípios emancipando-se. Trinta Municípios foram antecipados, vinte e
sete estão já cogitados para emancipar-se. E nós sabemos que os interesses
destas emancipações são políticos. Há sempre políticos atrás destas
emancipações com grande interesse na política. E o reflexo direto é na economia
e reflete no povo.
Uma população de 10 mil habitantes, uma renda, no exercício anterior,
de 91 milhões, sabendo-se estes dados e consultando-se os Municípios
emancipados, nós vamos verificar que desde o plebiscito foi uma farsa.
Municípios aonde mil e oitocentos eleitores compareceram para votar a
emancipação, votaram “sim”, abstenção de 300, 400, 500 eleitores, sem somar os
números de “não”, não à emancipação. Então, este empobrecimento dos Estados e
dos Municípios brasileiros são resultados desta falta de visão que está havendo
com este surto de emancipações. Porto Alegre, através dos tempos, aqueles que
tiveram oportunidade de ler a sua história podem verificar que, por diversos
motivos, não pode dar aos seus munícipes aquilo que ele necessita, só as
grandes cidades, as cidades européias com pujança econômica, as cidades ricas,
sistemas que não se aplicam à América Latina, refiro-me ao Brasil,
especificamente, quanto ao problema do transporte coletivo. Nós sabemos que
enquanto países até bem perto implantaram sistemas de transporte que resolveram
definitivamente a situação do transporte de massa, nós continuamos, aqui, sem
nenhuma definição. Qual é a definição ditada pelo EBTU, para o transporte
coletivo, de massa no Brasil? Ora, o primeiro metrô da América Latina,
instalado em 1883, em Buenos Aires, resolve, satisfatoriamente, o problema do
transporte coletivo, de massa. E nós, aqui, continuamos nessa indefinição. A
indefinição brasileira, dos municípios brasileiros é total; e, não se diga que
os municípios do centro do País não têm esse problema, pois têm! Os Senhores
estão lembrados do “slogan” “São Paulo não pode parar”; pensava o paulista que
uma das maiores cidades da América Latina, senão a maior, não poderia parar!
Tinha que evoluir, correr e disparar! E quando verificaram, havia uma colapso
no transporte coletivo, havia o problema do saneamento básico, e eles lançaram
outro “slogan”; “São Paulo tem que parar para pensar”. Pararam para pensar,
lançaram o metrô. Fizeram, e ainda continuaram fazendo tentativas.
Então, Porto Alegre não poderia salvar-se de uma vez só. Não poderia
ser um administrador do PDT, não poderia ser o primeiro homem eleito em eleição
direta, nos últimos vinte anos, que seria o messias, o salvador que iria salvar
a Cidade de Porto Alegre. Não, ninguém poderia pensar assim. Mas, o primeiro
administrador, eleito em eleição direta, tem um grande trunfo, e conta para os
democratas, que é o fato de ter sido eleito em eleições diretas! Essa seria a
nossa primeira satisfação; a segunda, são aquelas tentativas, todas válidas,
que esse homem, eleito em eleições diretas, está fazendo, para dar melhores
condições à Cidade. Em todos os setores, principalmente no da circulação, da
habitação, do transporte e da recreação; os quatro fatores principais de uma
Cidade. Estes problemas têm sido atacados, juntamente com o problema
prioritário da Administração, que é a educação numa capital, que só tinha
quinze escolas públicas; quando sabemos que o município de Viamão tem mais de
uma centena de escolas! E Porto Alegre tinha quinze escolas antes de Alceu
Collares!
O Sr. Flávio Coulon: V. Ex.ª permite um aparte:
(Assentimento do orador.) Gostaria de me congratular com a administração Alceu
Collares pelo Mutirão Zona Norte, que deverá beneficiar 17 vilas daquela Zona e
é resultado do esforço dos Centros Comunitários e do Ver. Paulo Satte, do PDT,
que serviu de porta-voz de seus pedidos! Foi à custa de muita briga que as
associações de moradores da Zona Norte alcançaram seus objetivos. Foi preciso
que o Ver. Paulo Satte rompesse publicamente com o Prefeito, para que a pressão
fosse mais forte. Foram necessários dias de conversa para que os órgãos
municipais organizassem este trabalho e levassem adiante a empreitada. “Isto aí
me faz pensar que, se não existisse o Ver. Paulo Satte, provavelmente V. Ex.ª
não estaria tecendo loas a esse mutirão da Zona Norte, já que o Ver. Paulo
Satte deixa aqui bem explícito que a administração, por si só, seria
absolutamente incapaz de organizar este mutirão. De modo que esta é a ressalva
que eu gostaria de fazer, conforme volto a repetir, cumprimentando a
administração Alceu Collares, que foi sensível ao trabalho do Ver. Paulo Satte
que, segundo consta aqui, é o único e grande responsável por esta obra.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Eu acolho o seu aparte,
dizendo que tem razão, houve muita briga, porque todo mundo quer e tínhamos que
ver a quem iríamos atender primeiro, qual o mutirão. Todos estão pedindo
mutirões, há desentendimentos, coisas normais numa administração democrática. E
como diz Brizola, “depois de uma grande briga, uma grande amizade.” Mas depois
o grande acerto, em favor de uma comunidade e com a interferência direta do
Ver. Paulo Satte.
O Sr. Aranha Filho: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Ex.ª, como ninguém, conhece a história de Porto
Alegre e, por várias vezes, chama a atenção de nós todos e das administrações
que uma das grandes soluções é o metrô e lembro que Porto Alegre já possui um
plano diretor para o metrô. E, pela história, V. Ex.ª lembra o Ex-Prefeito
Célio Marques Fernandes.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: V. Ex.ª tem razão. É que o
metrô foi a solução. Primeiro, as cidades que tinham menos de um milhão de
habitantes implantaram o metrô pela sua pujância econômica; as com mais de 1
milhão de habitantes já implantaram sufocados o metrô, como o que aconteceu em
São Paulo, e que a Light começou a estudar, em 27, o metrô, para chegarmos, há
bem poucos anos atrás, em 67 Km de linha urbana de metrô para atender a
população.
O Sr. Getúlio
Brizolla: V.
Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço ao meu Líder Cleom
Guatimozim, que colocou uma verdade que eu apoio e assino embaixo, dizendo que,
quando Cleom Guatimozim usa a tribuna é para dizer a verdade.
O SR. CLEOM
GUATIMOZIM: Agradeço
o aparte de V. Ex.ª e concluo dizendo que ainda continuo, pela história da
implantação do metrô no mundo todo, dizendo que o tráfego de superfície deve
ser eliminado, diminuindo ao máximo possível a poluição, os gases queimados
preparados por carburadores devem ser retirados da cidade, quando ela atinge a
mais de um milhão de habitantes. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, a Mesa tem
a satisfação de registrar, em Plenário, a presença da Sra. Julieta Batistioli,
que foi a primeira Vereadora a participar deste Plenário. Sra. Julieta,
sinta-se na sua casa, na Casa do povo dentro da luta que a Senhora enfrentou e
ainda enfrenta como cidadã deste País. A Casa sente-se feliz em recebê-la.
O Ver. Artur Zanella cede seu tempo ao Ver. Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores e prezada Sra. Julieta, a primeira Vereadora de nossa Cidade,
portanto, é com orgulho e satisfação que recebemos a Senhora nesta Casa, como
bem disse a Sra. Presidente dos trabalhos, provavelmente Porto Alegre continua
tendo os mesmos problemas que a Senhora, há algum tempo atrás, encontrou e que
tantos outros Vereadores e a população encontraram por aí.
Hoje, pela manhã, e pode parecer um assunto meramente banal, mas já foi
motivo da presença deste Vereador em jornais, dizendo que desejava criar, em
Porto Alegre, nada mais, nada menos do que uma cachorrovia. Uma criança, no
Parque Moinhos de Vento, pouco mais de 9h e 15 minutos, após eu deixar meu
filho de 4 anos de idade, foi mordida violentamente por um cão que, acompanhado
por seu dono, estava-se deliciando no nosso querido Parcão. Evidentemente que
todos nós afirmamos e juramos que nosso cão é o mais manso que existe, mas
todos nós fazemos absoluta questão de ensinar nosso manso cão para que, se
alguém chegar perto de nós ou colocar a mão na nossa porta, ele deve latir e
agredir, se for o caso. Duvido que seja o contrário, porque, se assim fosse, o
louco seríamos nós de termos o animal para nos deliciarmos e não para nos
proteger.
Pois uma criança, que não sei quem é, mas calculo porque é a pergunta
natural de um pai acuado, porque já teve seu filho mordido por um cão quando
tinha um ano e meio de idade, sem saber onde estava o cachorro, tendo de
aguardar angustiantemente o prazo necessário, até que um médico me trouxe o cão
através dos apelos que fiz pela Rádio Gaúcha, e pela rádio Guaíba, nos
programas Amir Domingues e do nosso querido Deputado José Antonio Daudt, pois
hoje aconteceu de novo, e de novo porque todos os dias as pessoas insistem em
ir ao Parque com verdadeiros terneiros ao seu lado, em tamanho, deixando que se
deliciem perante as placas que lá existem, que só faltam pedir “pelo amor de
Deus”, porque já estão pedindo nas placas que não deixem os cachorros não
chegar perto dos lagos, porque senão também vão os patos, não só nossas
crianças e nossa pessoa.
O Deputado José Antonio Daudt já testou várias vezes, foi assistente,
lastimavelmente assistente do avanço de um cão em uma senhora no mesmo Parque
Moinhos de Vento, hoje, pela informação da pessoa que estava com meu filho, uma
senhora presente atestava que para salvar sua criança, também tinha sido
mordida. Estou citando o Parque Moinhos de Vento porque aconteceu lá, mas por
todos os parque e praças, senhoras, senhores insistem com os seus belos cães,
em passear com a coleira na mão. Este é o crime, Srs. Vereadores, com a coleira
na mão. É sinal que saíram de casa sabendo que tinham que colocar no cão. E
brincam com a coleira, enquanto os cachorros brigam com as pessoas, ou com os
filhos dos outros. Irresponsabilidade pública e notória a disposição das
autoridades que nada fazem para que nós possamos, pelo menos, desfrutar um
pouco de lazer, um pouco seguros e não acuados pelos cães dos outros que
estejam onde quiserem, mas não ao lado de nossas crianças.
O Sr. Jorge Goularte: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu dou os meus cumprimentos a V. Ex.ª
pelo assunto que é de alta relevância e até eu queria ser chamado também, assim
como V. Ex.ª foi, de querer um “cachorródromo”, alguma coisa neste sentido,
porque convenhamos, o que se faz nesta Cidade, o que está acontecendo, sem
falar na própria imundície que o animal faz, estas pessoas são tão insensíveis
que querem que todas as pessoas gostem do animal que eles gostam. Todas as
pessoas têm que ter o mesmo gosto, têm que acharem lindo e maravilhoso aquele
animal, aceitarem as suas estupidezes.
Eu quero dizer que, como advogado, já ganhei uma causa de alta
relevância, inclusive, responsabilizando o proprietário sobre ferimentos numa
senhora, este é o mesmo caso, o dono é responsável por este problema e V. Ex.ª
sabe como eu que outros países do mundo estão restringindo esta participação,
esta ostensiva presença de animais junto à população, não só pela sujeira que
fazem, mas o perigo, especialmente às crianças. Eu acho que alguma coisa deve
ser feita para que isso tenha fim. Mas quem quiser andar com animal como este,
tem que pagar um salário ou dois salários mínimos...
O SR. FREDERICO BARBOSA: E comprar coleira ou tirar
das mãos e colocar no seu cão.
O Sr. Jorge Goularte: Não, a coleira no dono é que
seria ideal.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Permita só que eu faça um
gancho, Vereador, meu outro filho de dez anos me disse agora, antes de sair de
casa: “Pai, por que a coleira não vai para o pescoço do dono já que ele não tem
o que fazer com a coleira que ele usa enrolada no pulso?”
O Sr. Nilton Comin: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Ex.ª como pai, tem que ter uma preocupação única
com a vida de seus filhos: é necessário, por normas técnicas, que esse cão fica
durante 10 dias em observação. Se houver uma transformação nos hábitos do cão,
seu filho terá que fazer de 10/12 doses no abdômen para preservar a sua saúde.
Então, V. Ex.ª como pai, além dos problemas aventados nesta tribuna, ainda tem,
se não for encontrado o cão, que recorrer à vacina anti-rábica.
O SR. FREDERICO BARBOSA: V. Ex.ª é um técnico no assunto e pode colaborar
com algo que pouquíssimas pessoas sabem e que só descobri há dois anos atrás o
meu filho foi mordido. Existem seqüelas desta vacina. Hoje, e quando o menino nunca
foi mordido, mas amigos foram mordidos e tomaram as tais 21, na época,
injeções, não se falava nisso. Hoje, a Secretaria da Saúde não aplica esta
vacina sem existir ainda a probabilidade de aguardar um tempo suficiente para
se tentar localizar o animal, porque a vacina tem, numa incidência muito
pequena, problemas de seqüelas neurológicas, coisa que antes não se divulgava.
E hoje, para espanto meu, quando levei a criança, há esta probabilidade. Graças
a Deus, o caso de hoje se sabe que o proprietário estava por perto, não sei nem
quem é e não tenho nada contra o proprietário, mais a criança, não pode
continuar a ser mais uma vítima à disposição daqueles que deixam os seus
animais soltos nos parques, a nas praças e nas ruas; tudo faz crer que o
proprietário estava junto e que toda a confusão foi feita entre um cão pequeno
que lá estava com o cão maior, e a criança evidentemente com quase 5 anos,
tendo-se envolvida junto com os cachorros e foi mordida.
O Sr. Nilton Comin: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O irmão do ilustre político Fúlvio Petraco, que tinha
um canil, ele pereceu, devido ao problema das vacinas. Porque determinado
número de vacinas atacam as meninges e é irremediável: óbito certo.
O Sr. Aranha Filho: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu fui mordido por um cão e tomei as
dez injeções na barriga. Não sei se me afetou neurologicamente.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Até agora nada se nota,
Vereador.
O Sr. Aranha Filho: Nada se nota? Graças a Deus!
Mas acho que deve ter algum sinal. Mas, é possível, até, haver uma solução para
aqueles proprietários de cães que desejam passear no Parcão, em outros parques
ou, pelo menos, sair às ruas. Acho fundamental e importante que os
proprietários coloquem focinheira nos seus cães para que possam passear em
parques, ruas e jardins. Essa focinheira é encontrada em todas as casas do
ramos para cães, facilmente. Muito obrigado.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Encerro, Sra. Presidente.
Apenas respondendo ao aparte do Ver. Aranha Filho. Há pouco tempo encontrei um
cidadão passeando com seu cachorro o qual estava com a tradicional e antiga
focinheira. Agora, acho até mais difícil isso, porque se nos não convencemos o
proprietário a colocar uma coleira no seu cão e passear, muito menos que ele
coloque uma focinheira, pois se ele acha que o cachorro pode andar até solto,
imagine se ele vai acreditar que o cachorro morda alguém. Pelo contrário, ele
acha que o cachorro está abrilhantando o parque como, realmente, abrilhanta os
olhos, até que a boca de um cachorro estrague a vida de uma família.
Portanto, faço um apelo à Prefeitura Municipal e uma Indicação ao
Governador Pedro Simon, solicitando apoio da Brigada Militar. E digo por quê:
porque assisti um brigadiano, há poucos dias, no Parque Moinhos de Vento,
retirar três crianças - e fez muito bem - de cima de uma árvore, porque as
crianças estavam depredando-a. No mesmo sentido de que o brigadiano que circula
no Parque está a cuidar do Parque, esse mesmo brigadiano pode ter uma instrução
para pedir a colaboração das pessoas para que, pelo menos, se afastem do local
de grande fluxo de pessoas quando acompanhados de seus cães. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Werner Becker, por
transposição de tempo com o Ver. Aranha Filho, em Comunicações.
O SR. WERNER BECKER: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, Srs. Funcionários da Casa. Ao início do meu discurso declino a
minha amizade e minha administração ao talento, ao caráter do nobre Procurador-Geral
do Município Dr. Mathias Nagelstein. A minha admiração se acresce mais hoje
porque se enche de curiosidade, tanto é assim que tomei a liberdade que me dá o
Regimento Interno desta Casa de requerer a sua presença a sua presença aqui no
Plenário da Comissão de Justiça para que nos dê uma aula de direito a respeito
de uma matéria que até agora não entendi: a posição da Prefeitura a respeito da
competência para fixar tarifa de ônibus. E hoje na “Zero Hora” li, sob a
manchete, “A Lei Federal é que vale”. (Lê vários trechos do jornal.) Me
surpreende porque informações de um mandato de segurança prestadas pela própria
consultoria Geral... Ela afirma: (Lê.)
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, então há pouco tempo atrás, bem pouco
tempo, a mesma Procuradoria afirma que, para aumentar tarifa a competência é do
Município. E agora, também, para aumentar tarifa, afirma que a competência é da
União Federal.
É por isso que eu fiz um
Requerimento para que a Comissão de Justiça convocasse o talentoso Procurador-Geral
do Município para que me explicasse aquilo que no meu pequeno conhecimento de
Direito me parece totalmente contraditório. Talvez o Parecer conclua, em
síntese, o seguinte: para aumentar tarifas, competente é a lei que a aumenta,
seja Municipal, estadual ou federal.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o que me chama a atenção é que o mesmo
partido político que vive a detectar contradições da Nova República, este mesmo
partido político apresenta, no plano municipal, as mesmas contradições. O que
me faz também deduzir que, no fundamental, não tem diferenças essenciais.
Encaminharei a reunião de hoje à Comissão de Justiça. E pediria, Sr.
Presidente, que cobrasse com a maior urgência para que fosse convocado o Sr.
Matias Nagelstein para nos prestar esclarecimentos, a nós humildes Vereadores,
sobre esta interessante tese de Direito, de que para aumentar tarifas qualquer
meio é importante.
O Sr. Aranha Filho: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Meu caro Ver. Werner Becker, eu acho a matéria conflitante,
na medida em que V. Ex.ª solicita a presença do Procurador-Geral do Município
para um assunto específico da Casa, que é a Comissão de Transportes.
O SR. WERNER BECKER: O assunto não é meramente
jurídico, eu quero, não estou dizendo que a tarifa é alta, baixa, a verdade é
que o parecer conclui que deve aumentar a tarifa, mas o assunto é meramente
jurídico.
O Sr. Aranha Filho: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O parecer de Procurador-Geral do Município e não o
expedido pelo Ministério dos Transportes é que autoriza os municípios a
concederem aumento ou não. É uma questão de entendimento, têm diversos
municípios que não atacaram a recomendação do Ministério.
O SR. WERNER BECKER: Esclareço a V. Ex.ª, porque
talvez não tenha sido muito claro, gostaria que se esclarecesse que há poucos
meses, com a mesma legislação, ele afirma que a competência era da União, e
agora afirma que a competência é do Município. Se é conflitante pediria então a
presença dele, para que com o seu talento me ajudasse a resolver este conflito.
O Sr. Caio Lustosa: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Acho que estou de acordo com a análise que faz V.
Ex.ª, mas entendo que esta questão que o Procurador ora se manifesta pela
competência da União em fixar e aumentar a tarifa e ora se posiciona pela
competência do Município em aumentar a tarifa é algo que depõe contra a luta
que hoje, todos os Municípios têm que fazer pela descentralização e pelo
fortalecimento do municipalismo, numa fase tão tumultuada da Constituinte.
Então, a nível de uma capital como Porto Alegre, isto depõe e joga
contra a luta que se faz para restabelecer a autonomia Municipal. Sob o ponto
de vista jurídico, isto é lesivo ao interesse dos Municípios que querem afirmar
a sua competência.
É lamentável que o Procurador-Geral do Município tenha essas posições
contraditórias que por si só vêm em detrimento, em prejuízo da autonomia
Municipal.
O SR. WERNER BECKER: Concordo com V. Ex.ª, tanto
é que quando informou no Mandato de Segurança afirmando a competência
municipal, calei. Agora, o que me surpreende é que, neste momento, ele afirma a
competência municipal para aumentar a tarifa. Sei, o assunto é político,
fundamentalmente político, mas deve haver, no mínimo, uma certa coerência. Eu
concordo em ampliar a esfera do município, o que não concordo é que o município
seja competente só para aumentar e quando a legislação do Município se opõe ao
aumento, a União passa a ser competente para aumentar.
O Sr. Flávio Coulon: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Ex.ª não consegue ver a coerência jurídica da
questão, mas existe uma coerência política, que é a coerência do aumento.
Quando nós queremos aumentar e a legislação federal favorece que nós
aumentemos, usa-se a federal. Quando nós queremos aumentar e a legislação
federal não favorece, mas a Municipal favorece, usa-se a municipal. E,
brevemente, quando nenhuma das duas permitirem, nós acharemos, a Prefeitura
achará uma legislação estadual. Esta é a coerência. Parecia-me que a
preocupação ao mandar para o Procurador fosse no sentido de resguardar a
população, quando fica evidente que não. Foi buscar um resguardo para aumentar
a passagem.
O SR. WERNER BECKER: E veja V. Ex.ª, suspeito que
sou, porque muitas vezes eu anuncio as contradições da Nova República e junto
de um Executivo que tem militância de combate às contradições da Nova República
incessantemente, mas que, na prática, no que diz respeito à bolsa do povo,
hoje, se comporta desta forma e, talvez, de forma mais grave, porque nada mais
caro do que a tarifa para a população.
O Sr. Aranha Filho: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu quero cumprimentar V. Ex.ª pela
facilidade que tem em discorrer tanto politicamente, juridicamente, como até
matematicamente. Eu, por exemplo, tenho uma certa dificuldade em discorrer
sobre jurisdição. Agora, V. Ex.ª tem uma extrema facilidade com os números. V.
Ex.ª diz que dois mais dois não são quatro. É um problema muito sério e que nos
preocupa. Eu fico prejudicado, neste sentido, de fazer uma análise mais ampla,
porque eu conheço o pão-pão, queijo-queijo, eu sei fazer contas e não chego
nunca nos números que o Prefeito anuncia. E o que acontece a nível federal é
que do Ministério sai para todos os Estados, para todos os Municípios, telex,
anunciando que podem aumentar. E, imediatamente, aqui, a tarifa é aumentada.
Agora, em diversos outros Municípios, não respeitam a recomendação e, como diz
o Ver. Caio Lustosa, da municipalização, do direito que temos de fazer as
coisas locais, não podemos abrir mão.
O SR. WERNER BECKER: Eu queria assinalar a
contradição de duas posturas diferentes e do mesmo órgão. Se está correto ou
não o cálculo, eu acho que a Câmara precisa ser explicitada, porque o órgão
responsável pela opinião jurídica da Prefeitura em matéria tão importante dá,
em espaço de tempo limitado, duas versões absolutamente contraditórias, sempre
em prejuízo ao bolso do usuário e a favor das empresas de transporte coletivo.
Apenas isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
*(Nota do revisor: não foi fornecida cópia da matéria lida pelo orador
ao Setor de Composição e Revisão de Anais.)
A SRA. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é
o Ver. Antonio Hohlfeldt. Ausente. Com a palavra, o Ver. Adão Eliseu,
que transpõe seu tempo com o Ver. Aranha Filho.
O SR. ARANHA FILHO: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, hoje devo, da tribuna, usando o meu tempo, tecer alguns comentários
e fazer algum “pot-pourri” sobre as questões que estão a nossa frente, mas antes
devo começar, nobre Ver. Werner Becker, que escutando um colega meu, Eng.º
Antônio Ermínio de Moraes, na “Crítica e Autocrítica”, no domingo que passou,
achei extremamente engraçado, quando, foi dito que na realidade a distância
mais curta entre dois pontos é a linha reta, mas politicamente, a distância
mais longa entre dois pontos é, exatamente, o caminho político.
Então, sinto extrema dificuldade, e volto a me referir sobre o assunto
da passagem do transporte coletivo, e principalmente porque nem a Prefeitura
nem esta Casa têm, ainda, condições de colocar para todos nós, população em
geral, a tarifa correta. Isto no século XX, prestes a ingressarmos no século
XXI, quando o homem já chegou à lua, nós não temos ainda condições de apertar
um botão e saber o custo real da passagem de ônibus. Isto eu considero um
grande atraso e sinto, inclusive, dificuldades em contar para os mais jovens
que a Prefeitura de Porto Alegre e a Câmara de Vereadores não possuem
instrumentos para, transparentemente, montar os cálculos reais das passagens de
ônibus.
O Sr. Werner Becker: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O que me chama atenção e também deve espantar a V.
Ex.ª é que, quando se aperta um botão, no Executivo, dá um sinal: “competência
federal, aumenta.” Momentos após, se aperta outro botão e dá: “competência
municipal, aumenta”. V. Ex.ª, que é engenheiro, deve ficar estarrecido, pois
isto não pode funcionar como nos “vídeo-games” que, ora se aperta o mesmo botão
e dá outra coisa. Deveria dar o mesmo sinal de competência.
O SR. ARANHA FILHO: Acho extremamente fácil
operar o computador e, para isto, temos técnicos à disposição, inclusive com
PHP no exterior. Se isto não bastasse, o nobre Ver. Flávio Coulon, há um ou
dois anos atrás, já levantava a possibilidade de se fazer um convênio com a
Universidade Federal. Estamos caminhando a passos de tartaruga e acredito que o
Prefeito Alceu Collares deverá encerrar o seu mandato sem ter colocado no
computador esta matéria, a qual foi muito discutida aqui, quando votamos a
fantástica nova metodologia de cálculo para a tarifa do transporte coletivo.
Sinceramente, julgo tudo isto como brincadeira.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, meu caro Líder do PDT, surgiu
para este Vereador, na semana que passou, o Processo 25/87, que extinguia
cargos e criava outros. Extinguia 10 cargos de Jornalista e criava 10 cargos de
terapeuta ocupacional, profissão nova que deve atuar, basicamente, na área da
ciência, também nova, chamada ergonomia, ou seja, adequar o homem, adequar a
máquina, o ambiente ao homem e não vice-versa. Mas, daqui, quero cumprimentar o
Sr. Prefeito pela criação desses 10 cargos, mas, ao mesmo tempo, pedir ao caro
líder do PDT, Ver. Cleom, que faça o possível e o impossível para devolver, ou
para retirar esse Processo, não extinguindo os 10 cargos, e sim deixando uma
reserva técnica, se ele não os utiliza agora, poderá ele, ou outro Prefeito,
vir a utilizá-lo, principalmente com um mercado de trabalho restrito, quase com
poucas empresas no RS, e este é um apelo que o relator do Processo 25/87 faz ao
líder do PDT.
O Sr. Werner Becker: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Esses cargos serão criados por concursos públicos,
porque senão fica muito aleatório, quais os critérios para a terapia ocupacional?
O SR. ARANHA FILHO: Eu agradeço o aparte do Ver.
Werner, aliás muito ágil no raciocínio, eu colocarei com um grau de
conhecimento maior a partir deste aparte; certamente que a criação desses
cargos será por concurso público. Foi anunciado, desta tribuna, um mutirão
realizado pelo Prefeito Municipal na Zona Norte e favorecendo 17 vilas. Disse
no início da minha participação, na tribuna, que iria fazer um “pot-pourri”,
uma miscelânea das coisas que estão acontecendo no Município de Porto Alegre. Mas
me causou espécie, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, foi justamente na Zona
Norte, não foi abordado o problema da Bacia do Passo D’Areia, Arroio São
Gonçalo. Nos jornais da Zona Norte encontrávamos o Sr. Prefeito Municipal
anunciando diversas obras, Vereadores do PDT anunciando obras e que não mais
aconteceria alagamentos naquela zona. Estamos aguardando essas obras realmente,
porque o DNOS possui a verba para iniciar as obras, existe boa vontade por
parte do Prefeito Municipal em assinar o protocolo, porém a participação
tri-partide entre o Governo da União, Governo do Estado e Governo Municipal não
está sendo fechada pelo Partido de V. Ex.ª, Ver. Flávio Coulon. Na assinatura
desse convênio na Bacia do Passo D’Areia mais precisamente no Arroio São Gonçalo,
falta a participação do Governo Estadual para que aquela gente sofrida,
moradores do Passo D’Areia sejam beneficiadas e enfim, de uma vez por todas,
fiquem livres de alagamentos.
Veja V. Ex.ª, Ver. Flávio Coulon, o Governo da União participa com 50%,
o Governo do Município com 20% e o Governo do Estado com 30%. Este é um adendo,
um apêndice do Projeto Rio Guaíba. Normalmente os governos anteriores
simplesmente assinavam esse adendo e automaticamente iniciavam as obras. Era
idéia do Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento de Obras,
colocar à apreciação da Assembléia Legislativa. De forma que o tão propalado e
anunciado início das obras do São Gonçalo não irá acontecer este ano porque o
Sr. Governador do Estado, no seu mais legítimo direito, quer passar esses
termos aditivos pela Assembléia Legislativa. De forma que o que foi anunciado
há questão de um mês lá no Passo D’Areia, lá no Estádio do Zequinha, não irá
acontecer, ou seja, o início das obras do Arroio São Gonçalo.
Fica para uma próxima ocasião abordar o assunto que julgo do mais
importante interesse da comunidade, principalmente, porque está em todos os
jornais, em todas as televisões, o que aconteceu, neste domingo, em Porto
Alegre, com a elevada sendo pintada por artistas, inibindo assim os pichadores
contumazes desta Capital, fazendo com que políticos limpem os muros que sujaram
e mesmo outros que fizeram verdadeiras obras de arte, mas que retomem e
coloquem aqueles muros em condições, porque, em breve, os artistas tomarão conta
dos muros de Porto Alegre. Era isso, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa): O
próximo orador inscrito é o Ver. Cleom Guatimozim, por cessão de tempo do Ver.
Adão Eliseu.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Há pouco, quando fazíamos, desta tribuna, o retrospecto desta
Cidade e dos Municípios, nós pensávamos em incluir exatamente o tipo de
problema abordado há pouco pelo operoso Ver. Aranha Filho.
A Cidade de Porto Alegre tem a desvantagem da sua situação geográfica e
de altitude. Nós incluímos, recentemente, um Substitutivo em que, num Projeto
do DMAE, de canalização, nós havíamos incluído a Bacia do Gravataí. Este
Substitutivo está tramitando no momento. No que se refere ao São Gonçalo, que
alaga, efetivamente, uma grande parte da Zona Norte, nós temos o grande
problema também do nível de despejo. Quando sobem as águas, sobe o nível do rio
e as águas não conseguem ser despejadas no São Gonçalo por que encontram uma
barreira hídrica, fazendo com que as águas retornem ou fiquem estagnadas. O
problema é bastante difícil, a solução deste problema é bastante difícil e
requer um Projeto bem acabado e muito inteligente para que se possa chegar à
solução.
O Sr. Aranha Filho: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador) Acredito que tenha uma solução mais fácil e menos
onerosa. O problema existe, inclusive, com o Ministério da Aeronáutica. A
Sertório foi construída e ali formou uma barreira que represa as águas na bacia
do Passo da Areia. Existe, nobre Vereador, ameaça dos moradores de que, na
próxima cheia, quando alagaram suas casas, eles vão romper a Sertório para que
as águas tomem outro rumo e não fiquem estagnadas no Passo da Areia. Existe
possibilidade de se fazer isso, porém é necessário um entendimento da
municipalidade com o Ministério da Aeronáutica.
O Sr. Caio Lustosa: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Cleom Guatimozim, nós tivemos oportunidade há 3
anos, num seminário que antecedeu à eleição do Prefeito Municipal, pelo voto
direto, inclusive não havia sido eleito o Prefeito Collares, de fazer no antigo
prédio da Câmara, um seminário abordando os problemas mais candentes de Porto
Alegre; a questão do lixo, a questão dos alagamentos. Lembro e temos um relatório
disso, o seminário se chamou: “Uma proposta de Vida para Porto Alegre”, que
naquela oportunidade e já referi isso em outras intervenções aqui na Câmara, o
geólogo Sandovez, que é dos mais competentes profissionais na área de geologia,
inclusive colega do nosso companheiro Flávio Coulon, fazia uma análise, baseado
inclusive nos alagamentos que ocorrem em todos os grandes centros, nas grandes
metrópoles brasileiras e mostrando como tem sido mal conduzido pela
municipalidade este problema. Se formos, hoje, fazer um levantamento dos
arroios e riachos que foram literalmente abafados debaixo das construções, é
impressionante. Ali no Iguatemi sumiu do mapa - já denunciei isso várias vezes
- o arroio Obirici. Na Protásio Alves, vem da rua Vicente da Fontoura um arroio
que um dia desses, 6 meses atrás, procurou quase uma calamidade com o
Supermercado DOSUL ali na esquina, quase sendo invadido e todas aquelas lojas
também sendo invadidas, tudo por um erro de condução das obras de engenharia. O
Colégio Rio Branco teve um bloco inteiro abalado por isso, pelo fato de as
coisas serem conduzidas apenas sob a ótica dos engenheiros, e engenheiros
civis. Eu não tenho nada contra os engenheiros civis, mas acho que é hora de o
Município começar, para esse problema de condução dos riachos e de contenção
das águas, a se assessorar pelos geólogos e pelos hidrólogos, que entendem de
solo, que são especialidades que também precisam vir a assessorar as decisões
municipais. V. Ex.ª sabe, engenheiros civil gosta de fazer muros de contenção,
concretos e, muitas vezes, isso contraria a morfologia dos terrenos e tudo o
mais. Então, é preciso haver uma mudança de concepção no tratamento da rede
hidrográfica subterrânea dos grandes centros. Muito obrigado.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Recolho o aparte de V. Ex.ª
e o do Ver. Aranha Filho como uma colaboração.
Efetivamente, existem problemas que são até fáceis de resolver pelo
engenheiro popular, pelo técnico popular: o guarda de trânsito, que sabe qual
seria a melhor posição da sinaleira e não onde foi colocada; o homem que sabe
que tipo de escadaria ele precisa para descer a encosta para tomar a condução,
lá na avenida, sem maiores gastos.
Nós nos surpreendíamos, Vereador, que a Av. Ipiranga ficasse
completamente inundada, porque se existe avenida que não pode ficar inundada, é
a Av. Ipiranga, porque corre ao longo do riacho. Então, não se justifica que
ela ficasse inundada. Fomos verificar por que ela ficava inundada e nos
explicaram que a água da Av. Ipiranga não ocorria para dentro do riacho, mas
para um encanamento ao lado do riacho. A água viajava longa distância,
quilômetros, e quando ia entrar no riacho, encontrava a barreira hídrica,
voltando e alagando a Av. Ipiranga. Uma das vezes em que assumimos a Prefeitura
de Porto Alegre, nós mandamos fazer umas rampas, fazendo com que a água
descesse diretamente da Avenida para dentro do riacho, sem cair em encanamento
nenhum, sem viajar ao longo do riacho. Melhorou muito a situação da Av.
Ipiranga e é uma solução popular, uma solução dada por um cidadão que faz
carretos com um antigo caminhão naquela Avenida. Vejam que precisamos, também,
ouvir - como dizia o ex-Prefeito Célio Marques Fernandes - os técnicos
populares. Mas, Porto Alegre tem, pela sua altitude em relação ao Rio Guaíba
esta facilidade de inundar, de inundação. Vejam que, também, a
impermeabilização do solo em muitos lugares, aqueles bairros em que se faz a
pavimentação em todas as ruas, em que se asfalta, as águas sobem mais
facilmente porque o solo esta impermeabilizado contra as chuvas ficando ali o
alagamento. Isto está ocorrendo, hoje, em muitos bairros onde está sendo dado
um atendimento já através de outros governos e agora, também se conclui alguma
coisa. É preciso que haja uma solução fluvial, especial para cada caso. Ora, nós
sabemos que hoje na Av. Duque da Caxias tem um esgoto fluvial que seria assim
para uma população equivalente ao Edifício União, por exemplo. E sempre que se
costuma fazer uma comparação sobre algo antigo, no Executivo Municipal se
costuma dizer que é do tempo em que Dom Pedro II era cadete, pois aquele
encanamento ali é desse tempo. Um encanamento para uma pequena população e que
hoje atende a Cidade toda.
Nós sabemos que o enterrar canos, o sepultar canos é uma política
bastante difícil de se fazer porque são obras que não aparecem, que beneficiam
determinadas ruas da Cidade, determinadas avenidas ou até bairros de Porto
Alegre. E esta política do não atendimento do fluvial e do cloacal, enfim, do
saneamento básico todo não é de hoje. Vejam por exemplo que quando a população
se reúne através - eu diria - do quase fracassado Plano Comunitário aonde o
povo paga um pouco, ou paga toda a obra e a administração paga bem pouco ou não
paga nada é difícil de executar essas obras. Nós fizemos, agora, na Rua Isidoro
Tressi no Jardim Botânico o asfaltamento da rua toda, um tipo de asfalto da
avenida Ipiranga. Ficou assim, como a pérola do Bairro, porque os moradores,
num esforço terrível e em conjunto, conseguiram pagar toda a pavimentação, mas
o resto daquele Bairro e de tantas outras ruas e avenidas não conseguem o
benefício porque não têm estas condições. Então, nós temos, aqui, esta
desvantagem da situação em relação ao Rio Guaíba.
O Sr. Aranha Filho: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, não posso deixar de cumprimentá-lo, porque
a pérola do Jardim Botânico teve a participação de V. Ex.ª, certamente que
teve.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: É, mas quem pagou foram os
moradores. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concluído o período de
Comunicações.
Com a palavra, o Ver. Flávio Coulon em Comunicação de Líder.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, há poucos minutos veio a esta tribuna o Ver. Jorge Goularte
trazendo o problema de remanejamento de professores na Escola Franklin
Roosevelt.
Na qualidade de Líder da Bancada do PMDB me sinto na obrigação de
trazer alguns esclarecimentos às colocações feitas desta tribuna por parte do
Líder do PL que, inclusive, colocou alguns posicionamentos como avaliados pela
Liderança do PMDB, fato que não corresponda à realidade dos fatos.
O que simplesmente a Secretaria de Educação e Cultura está fazendo é
colocar em prática a Portaria 15.549 de 1985 assinada como um acordo de greve
entre o CPERS e a Secretaria de Educação e Cultura, no tempo presidida pelo Dr.
Francisco Salzano Vieira da Cunha. Naquela oportunidade foram fixados os
critérios deste remanejamento, que são os seguintes: primeiro, serão
remanejados os que quiserem; segundo, os contratados sem titulação; terceiro, os
contratados em geral; quarto, os professores em estágio probatório; quinto, os
professores efetivos com menor tempo de serviço.
Assumindo o Governo, o PMDB que havia-se compromissado com a sociedade,
em praça pública, de que tentaria colocar o problema de ensino no Rio Grande do
Sul na trilha que considera certa. Assumindo o governo com as escolas sem
aulas, por falta de professores, o Governo Simon iniciou o remanejo desses
professores. Assumiu o governo em março e imediatamente iniciou os remanejos, porque
as escolas do centro da Cidade estavam com professores sem trabalhar, enquanto
as crianças das escolas de periferia estavam abandonadas por falta de
professores. A sociedade rio-grandense exigia que aqueles professores
trabalhassem e as crianças tivessem aulas, visto que ela é igualitária para
todos, tanto aos que vivem no centro da Cidade, como aos que vivem na
periferia. Assim, foi iniciado o remanejamento, suspenso somente pela greve dos
professores. Voltando ao trabalho, os remanejos prosseguiram.
Vem o Ver. Jorge Goularte, entre mais de 1.200 remanejos feitos em
Porto Alegre e no RS, acusar o Governo Pedro Simon de estar discriminando uma
única e determinada professora do Colégio Pres. Roosevelt. Devo dizer que essa
escola tem 3 substitutos eventuais de currículo para essa professora que está
sendo remanejada; tem vice-diretora, que é professora de currículo, em estágio
probatório, e não tem classe; tem mais 21 professoras nomeadas, de currículo,
sem classe. Na realidade, são 25 professoras que poderia substituí-la, a qual o
Ver. Jorge Goularte tenta dizer que está sendo remanejada por motivos
políticos.
Volto a repetir: 1.200 professores já foram remanejados. Só se ouve a
voz dos poderosos que não querem que os seus afilhados, as pessoas de suas relações
saiam do centro da Cidade para irem para a periferia. Mas, não se ouve a voz
destas crianças da periferia que estavam sem escolas, e que agora, por ação do
governo, passam a ter escolas.
De modo que, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para encerrar este
capítulo de remanejo de professores que tem uma parte emocional muito grande,
faz parte do programa de governo do Governador Pedro Simon, e que será levado,
sem cartõezinhos de Senadores, Deputados ou Vereadores, sem abrir exceção para
ninguém, até o fim. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem): Simplesmente,
a título de informação, no início da Sessão formulados Questão de Ordem e a
Ver.ª Teresinha Irigaray estava presidindo a Sessão e nos prometeu uma resposta,
não sei se a assessoria já possui a resposta à questão ou não.
O SR. PRESIDENTE: Sobre e Questão de Ordem
levantada ontem por S. Ex.ª e ratificada,
hoje, no início da Sessão, peço compreensão de V. Ex.ª no sentido que, tanto a
Ver.ª Teresinha Irigaray que iniciou os trabalhos dessa Sessão e deste Vereador
que deverá encerrá-la nenhum dos dois estava presente na sessão de ontem, mas a
questão, certamente, foi encaminhada, e V. Ex.ª se aceitar receberá as
informações, senão durante esta Sessão, mas durante o dia, para que os possa
ter esclarecido uma questão, que V. Ex.ª sabe tão bem quanto este Vereador que
preside os trabalhos, que foi discutida, inclusive, com a presença de V. Ex.ª
hoje pela manhã no gabinete do Presidente da Casa. Todos nós estamos empenhados,
inclusive, posso garantir a V. Ex.ª, que ainda hoje à tarde, isto ainda, além
das Questões de Ordem que foram encaminhadas em dias anteriores à Comissão de
Justiça, estou solicitando e colocarei à disposição de V. Ex.ª um parecer da
Auditoria da Casa solicitado com urgência, para que possamos não ter mais
transtornos deste porte, inclusive, um esclarecimento perfeito no sentido de
que as Sessões possam fluir, naturalmente.
Portanto, solicitando e apelando a V. Ex.ª no sentido que irá receber a
resposta, se possível ainda durante a tarde de hoje.
O SR. ARANHA FILHO: Aceito, acato e agradeço e
requeiro a V. Ex.ª tempo de Liderança do PFL.
O SR. PRESIDENTE: Agradeço a compreensão de V.
Ex.ª e concedo e palavra ao Ver. Aranha Filho, em tempo de Liderança pelo PFL.
O SR. ARANHA FILHO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, não sei se é ou se foi pelo episódio do rompimento do PFL com o
PMDB, a Aliança Democrática, que o Governador do Estado Sr. Pedro Simon
direcionou a sua artilharia também para Brasília para atingir o Senador mais
operoso das últimas décadas para o Rio Grande.
Está o Governador Pedro Simon e o Dep. Cézar Schirmer a acusar o
Senador Carlos Alberto Chiarelli como truncador da rolagem da dívida do Estado.
Que injustiça! Ao invés do Sr. Governador do Estado cobrar da Bancada do PMDB,
dos seus Senadores inoperantes, cobra do nosso Senador Carlos Alberto
Chiarelli. Volto a repetir: o Senador mais operoso na Nova República.
É ele, exatamente ele, que está de mãos dadas com o Governador Pedro Simon
para resolver os problemas do Pólo Petroquímico. Para resolver os problemas da
Aços Finos Piratini, para resolver os problemas do DNOS a nível estadual, para
resolver os problemas deste nosso Rio Grande e, por questíunculas, por um
simples problema de nível federal, de rompimento de uma aliança que jamais
existiu, vem o Sr. Pedro Simon - me perdoem, eu retiro a expressão - vem o Sr.
Governador do Estado, Sr. Pedro Simon, direcionar a sua artilharia ao mais alto
líder do Partido da Frente Liberal em nosso Estado.
Lastimo, meu caro Líder Flávio Coulon, Ver. Caio Lustosa, ambos do
PMDB, as investidas do Sr. Governador e do Sr. Secretário da Fazenda e peço que
reflitam e coloquem nos pratos da balança os prós e os contras. Se em política
não se usa pedir desculpas, sei que eles voltarão a pensar e os reparos irão
acontecer. Disso eu tenho certeza, meus caros pares, e deixo registrado desta
tribuna, usando o tempo de Liderança do Partido da Frente Liberal, que o Sr.
Governador do Estado, que o Sr. Secretário da Fazenda, ao invés de direcionarem
sua artilharia para o homem que mais trabalha pelo Rio Grande, deveriam, isto,
sim, puxar as orelhas dos seus Senadores José Fogaça e Paulo Bisol. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDT, Ver.
Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ontem à tarde, compareceu a esta tribuna o Ver. Mano José, tecendo
críticas à inversão entre o Governo do Estado e o Município de Porto Alegre, em
relação ao sistema escolar em nossa Cidade. No ano passado, o Município de
Porto Alegre obteve aqui, esta Casa, a necessária autorização, para que se
promovesse a inversão do convênio, em que o Município, desde 1949, construía os
prédios na Cidade de Porto Alegre e os entregava ao Estado, que se
responsabilizava pela colocação de professores e pela manutenção da sistemática
do ensino. Através do Projeto “Nenhuma Criança sem Escola”, levado a cabo pela
atual Administração do Prefeito Alceu Collares, após conseguir desta Casa a inversão
do convênio, procurou-se, exatamente, aquilo que nós entendemos como melhor e
mais adequado aos interesses da Cidade, o chamado Processo de Municipalização
do Ensino, em nossa Cidade. Efetivamente, os resultados têm sido os melhores,
porquanto o Município de Porto Alegre registrou um crescimento da sua rede
escolar, pois de quatorze escolas, hoje, praticamente, nos encontramos com
vinte e quatro escolas, sendo que estas dez escolas estão sendo, hoje,
entregues à comunidade da Cidade de Porto Alegre. O que havia era, exatamente,
que os Vereadores, que eram contrários à criação do convênio, se preocupavam
que o Estado não cumprisse a sua parte nisso. Efetivamente, em parte, o Estado
não vem cumprindo, tanto é que até 30 de outubro do ano passado, o Estado
deveria comparecer com trinta milhões de cruzados e, no entanto, ele até hoje compareceu
com vinte e três milhões de cruzados, sendo que, face às devidas aplicações dos
cálculos matemáticos, o Estado está a dever ao Município, com relação as suas
responsabilidades assumidas no ano passado, com o Município, 54 milhões com
relação ao convênio de construção de prédios escolares Estado-Município. Hoje o
Estado deve 54 milhões de cruzados ao Município, e no entanto, nobre Ver.
Aranha Filho e Raul Casa, senhores que se encontram presentes neste Plenário,
Sr. Presidente dos trabalhos o Município de Porto Alegre já conseguiu, com
todas as dificuldades, quase que dobrar a rede de escolas municipais,
evidentemente levando-se em conta o princípio de que de acordo com lei federal,
o orçamento deve destinar 25% para a educação e aí está a correção da proposta
da municipalização do ensino; aí se encontra exatamente o ponto em que o
Município, a Cidade, o administrador Municipal tem um contato mais presente com
a realidade da Cidade, cultural, educacional da sua cidade, e é o que ocorre em
Porto Alegre. Na realidade, o que vem ocorrendo, a despeito de o Estado não
cumprir, na sua integralidade, com os compromissos que tem com a Cidade, posto
que deveria ter pago 30 milhões, em 30 de outubro do ano passado, pagou 23
milhões, devendo hoje 54 milhões, e aí abrigam-se as duas administrações, tanto
a passada, como a atual, do PMDB. Por esta razão, sustentamos e contestamos
aqui as afirmativas da situação crítica do ensino municipal de Porto Alegre; ao
contrário, hoje o ensino municipal vive um momento de crescimento,
desenvolvimento e de aspectos extremamente positivos do ponto de vista
pedagógico, com a criação dos CIEMs. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar.
Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Levanta-se a Sessão às 15h46min.)
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